terça-feira, 11 de abril de 2017

As campanhas contra o leite

As primeiras tentativas de desestimular o consumo de leite e desqualificar os seus valores nutricionais, datam do século XVIII, na Inglaterra.
Naquela ocasião disseminava-se ideias de que o leite envenenava as pessoas, alegando que os produtores misturavam água suja e que o leite apodrecia nas garrafas provocando doenças. Diziam, ainda, que se fosse ingerido com outros alimentos ou se tomado à noite causaria uma severa indigestão, apelidada de "Corujão", que podia levar à morte e que tomar leite com muita frequência fazia com que a pessoa se transformasse em lobisomem.

Porém, mais tarde constatou-se que isso tudo não passava de uma campanha patrocinada pelos produtores de chá, cujo propósito era induzir as pessoas a consumirem menos leite e, assim, tomarem mais chá, aumentando os seus lucros.

Várias outras campanhas como esta aconteceram ao longo história, como nos anos 70/80, que foi patrocinada pelos produtores de laranja da Califórnia, aterrorizando a população com a suposta existência de agentes tóxicos no leite, inclusive a toxina botulínica, que poderia causar mortes horríveis.

Como resultado, centenas de grandes empresas da citricultura se tornaram bilionárias e, de quebra, um dos seus principais garotos propaganda, o nosso ex piloto de F-1, Emerson Fittipaldi, se transformou num dos maiores produtores de suco de laranja do Brasil.

A última e mais pesada de todas as campanhas tem dois propósitos. O primeiro, é garantir as gorduras lácteas a preço mais baixo para serem usadas pela Indústria em produtos mais lucrativos, como cosméticos, tecidos, químicos industriais e até na indústria bélica.

O segundo, é assegurar a obtenção da valiosíssima Lactose mais barata e em quantidades abundantes. E, daí, a pergunta: Para onde vai tanta lactose?
A verdade é que a Lactose extraída do leite torna-se muito mais lucrativa nas indústrias química, médica, farmacêutica e alimentícia, conforme veremos.
Sem a Lactose e sem seus subprodutos e enzimas derivadas não haveria, por exemplo, a imensa variedade de deliciosos biscoitos, pães, bolos, sorvetes, bombons, balas, enlatados em geral, conservas doces e salgadas e embutidos; alimentos estes que são fabricados e distribuídos aos milhões de toneladas ao redor do mundo.
Da mesma forma, sem lactose, não se produziriam as milhares espécies de cosméticos, pomadas, cremes detergentes, sabonete, shampoos, tampouco centenas de medicamentos, instrumentos médicos, linhas de sutura e próteses médicas para diversas finalidades.
Sem falar da demanda destinada à fabricação de plásticos biodegradáveis, que vem crescendo exponencialmente de dez anos para cá, cuja produção só é possível à base de subprodutos da lactose.
Portanto, ao contrário do que possa parecer, a humanidade não foi assolada por nenhuma epidemia global de "intolerância à Lactose" nos últimos dez anos. A história é outra, nada honesta.
Essa campanha, bem mais contundente, chegou ao absurdo de contaminar a literatura da Medicina e da Nutrologia, fazendo com que profissionais dessas áreas se formem doutrinados para desestimular o consumo do leite, que é o mais nobre e mais completo dos alimentos.

Dois típicos exemplos de "garotos propaganda" dessa campanha nefasta são os Drs. Lair Ribeiro e José Roberto Catter que, a despeito de combaterem muitos outros mitos da Nutrologia, desmistificando teorias desvirtuadas, aderiram a essa onda de combate ao leite, sabe-se lá por que razão, condenando-o e defendendo teorias de interesse dessa Indústria subversiva!

Ambos, estranhamente e coincidentemente, fazem uso dos mesmos argumentos fajutos. Vejam a seguir:

1) Segundo estes médicos,  "nós somos a única espécie no mundo que toma leite de outro animal!"
Todavia, isso não é verdade. Há centenas ou milhares de outras espécies que, da mesma forma, exploram a produção de nutrientes de outras espécies, numa dinâmica biológica natural chamada Simbiose. Além disso, o ser humano toma leite de animais domésticos há pelo menos 27.000 anos e justamente por isso, por causa dessa suplementação de proteína, o homem atingiu o desenvolvimento cerebral atual.

2) Eles dizem ainda que "não podemos beber leite porque as vacas e nenhum outro animal bebe leite depois de adulto!"
E qual o sentido dessa comparação? Que sentido faz dizer que o ser humano deve seguir o exemplo das vacas na sua dieta alimentar
? Só porque vaca adulta não bebe leite eu também tenho que deixar de beber? Ora, isso é mera tolice. Os seres humanos têm um milhão de hábitos diferentes dos bezerros. Nós somos o único animal que depois de adulto come churrasco, come feijão com arroz cozido, come Sushi, anda de bicicleta, fala ao telefone, etc, etc, além de mais um monte de coisas que os bezerros não fazem.

3) Continuam eles, alegando que "não podemos beber leite porque é o alimento dos bezerros"!
Daí, eu pergunto: quem já viu um bezerro passar fome porque as pessoas beberem o leite dele? Pelo contrário, qualquer bezerro que se aventurar a mamar todo o leite da mãe, corre sérios riscos de vir a falecer por diarreia.
O mais curioso é que eles não dizem nada sobre o consumo dos laticínios derivados, como queijos, manteiga, Iogurte e cremes, cuja fabricação consome a maior parte de todo o leite produzido no mundo. Por que o consumo destes laticínio não estaria tirando o alimento dos bezerros?

4) Argumentam, ainda, os Doutores Lair e José Catter que "leite é tóxico e não pode ser consumido por adultos!"
Também aqui, estranhamente não faz menção aos laticínios derivados que, paradoxalmente, contém concentração muito maior dos mesmos componentes do leite in natura. Porque este faz mal à saúde e os laticínios não?

Ora, é um enorme contrasenso dizer que é tóxico aquele que é o único alimento recomendado para o bebê recém nascido - o MAIS FRÁGIL e mais vulnerável de todos os seres!!! O único alimento capaz de nutri-lo de forma segura e saudável, proteger e propiciar o seu desenvolvimento e o crescimento plenos, sem necessidade de nenhuma suplementação adicional.

A razão disso é simples: leite é o único alimento que contém simultaneamente os 16 nutrientes mais importantes para o ser humano, além de todos os 10 (dez) aminoácidos essenciais. Como se não bastasse, contém Lactose, o mais saudável e mais digerível dentre todos os carboidratos, de altíssimo valor nutricional e baixa ação glicêmica, razão pela qual, praticamente não engorda.
Além de todo esse poder nutricional, é o único alimento que estimula o desenvolvimento de microrganismos benéficos e bacilos da flora nativa, regulando as funções fisiológicas do intestino e protegendo-o de uma vasta gama de doenças causadas pela ação de bactérias nocivas.

Há que se esclarecer que a tese segundo a qual o leite faz mal a adultos provém de um equívoco na compreensão do processo digestivo, conforme veremos.
A Lactose é digerida por uma enzima chamada Lactase, produzida no intestino humano. Na medida em que a pessoa vai se tornando adulta e passando a tomar menos leite, as glândulas do intestino vão reduzindo a produção de Lactase. É um processo natural. Ou seja, quando essa enzima vai se tornando desnecessária, o organismo vai deixando de produzi-la, chegando a desaparecer em muitos casos. Contudo, isso não é deficiência, muito menos INTOLERÂNCIA! Trata-se de uma adaptação natural e sábia do metabolismo, que não acarreta nenhum mal estar ou dano à saúde. Pelo contrário, o organismo passa a digerir menor quantidade de Lactose que, por ser um carboidrato, vai se tornando menos necessário com a idade e, com isso,  evitando o aumento glicêmico e o acúmulo de gordura corporal.
Portanto, interpretar a redução das capacidade de digerir a Lactose como se fosse uma intolerância, não não faz nenhum sentido!
Cabe ressaltar que a INTOLERÂNCIA alimentar é uma característica genética inata. Ou seja, a pessoa não a desenvolve ao longo da vida - nasce com ela e não se cura. Assim sendo, a criança que amamentou ao nascer e sobreviveu com saúde, é improvável que seja portadora dessa síndrome, uma vez que o leite materno contém quase o dobro do teor de lactose do leite de vaca.

O que ocorre com relativa frequência, são rações alérgicas, em especial a alguma das muitas proteínas do leite, que pode se desenvolver e ser curada ao longo da vida.


* Malcyn Dukya é Engenheiro Mecânico e Engenheiro Industrial, Administrador de Empresas, MBA em Gestão Governamental e Ciência Política, Especialista em Informática, ex Coordenador Geral de Modernização e Tecnologia nos Ministérios da Justiça e do Trabalho e Emprego, pesquisador autodidata em Nutrologia e Nutrição Esportiva, História e Sociologia, Músico Amador, Meio-Maratonista, ex Diretor de Auditoria Legislativa e ex Presidente de Processos Disciplinares na Administração Federal Brasileira, MM

Fontes:
http://marciocc2.blogspot.com/2015/10/lactosefarsa.html?m=1

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