terça-feira, 24 de março de 2015

Faixa Exclusiva de ônibus: A Segregação Burra

Talvez por priorizar o próprio bolso e o caixa dos partidos, talvez por incompetência, a Administração pública tem propiciado sucessivos festivais de asneiras que só servem para jogar dinheiro público fora.
Uma dessas asneiras mais evidentes são as chamadas Faixas Exclusivas de ônibus (ou ônibus e táxis), inventadas em São Paulo e que viraram moda em quase todas as capitais e grandes cidades brasileiras.
No entanto, ao contrário do que se prega, isso não passa de uma segregação inútil e inócua das vias de tráfego, que não contribui em nada para melhorar a fluidez do trânsito, conforme veremos a a seguir.
Privilegiar algumas categorias de veículos com a oferta de faixas exclusivas, impedindo o acesso das outras categorias, cria situações nas quais, mesmo havendo sobra de espaço, a maior parte dos veículos continuará engarrafada, simplesmente porque não poderão usar aquele espaço ocioso e desafogar o trânsito. Isso, além de ser um contra senso lógico da física e dos princípios de fluidez, só faz aumentar os índices de engarrafamento.

Vejam porquê:
A implantação das Faixas Exclusivas pode resultar, unicamente, em duas situações:

Situação 1:

A Faixa de Ônibus fica engarrafada, enquanto sobra espaço nas Faixas Comuns (Veja imagem abaixo):
É uma situação menos frequente, mas acontece. Contudo, é óbvio que, nesse caso, a existência da Faixa Exclusiva não traz nada de positivo.
Ora, se há espaço sobrando nas faixas comuns, porquê os ônibus engarrafados não podem usá-las? Que problema isso causaria? Nenhum! pois o espaço está ocioso.











Situação 2:
Sobra espaço nas Faixas de Ônibus, enquanto as faixas comuns estão engarrafadas (confira nas imagens abaixo):
Da mesma forma, também neste caso a existência da Faixa Exclusiva de ônibus não contribui em nada.
Igualmente, se há espaço sobrando na faixa de ônibus, porque os carros não podem usar essa faixa e desafogar o trânsito? Que problema isso causaria?
Daí o impetuoso vai responder: isso estenderia o engarrafamento às faixas de ônibus também!
Mas isso não é verdade, pois os veículos irão usar os espaços ociosos, enquanto os ônibus também poderão compartilhar as demais faixas livremente, fazendo uma compensação.
Portanto, não resta dúvida de que a existência da Faixa Exclusiva, em nenhuma hipótese, contribui para melhorar a fluidez do trânsito. Pelo contrário, serve apenas para imprensar ainda mais os veículos no já reduzido espaço das vias, segregando quilômetros e quilômetros de trechos vazios ociosos. 












Note que há duas outras situações possíveis no trânsito, nas quais a existência da Faixa exclusiva não interfere, que são:
1) Faixa exclusiva e Faixa Comum engarrafadas simultaneamente; 
2) Faixa exclusiva e Faixa Comum com espaços sobrando.
Ora, se está tudo engarrafado ou se as pistas estão livres, o fato de ter ou não ter Faixa exclusiva não altera a situação. 

Portanto, a segregação do tráfego por meio das Faixas Exclusivas, além de ser uma Política inócua, ilusória e de alto custo, é tecnicamente inviável, de acordo com um princípio da física denominado Ordem Espontânea, conforme veremos.

Conhecido pelo gregos antigos como kosmos, o princípio da Ordem Espontânea foi definido por Frederich von Hayek como uma condição na qual múltiplos elementos de diversos tipos, interagindo entre si, tendem a uma acomodação ou equilíbrio natural espontâneo que não surge da intenção humana de interferir no todo. 

Em outras palavras, segundo este princípio os elementos de um conjunto em movimento se organizam e estabelecem o equilíbrio e a acomodação, a partir de ações individuais espontâneas. Ou seja, cada elemento, partícula ou sub-parte envolvidos num processo dinâmico ou num fluxo, busca espontaneamente e individualmente se arranjar no caos, influenciando-se reciprocamente, por força de um mecanismo de coordenação natural.

Este princípio é aplicável tanto à física, quanto à biologia, à sociologia, à política, assim como aos fluxos de massas e partículas ou processos de qualquer natureza, assim como os fluxos de veículos nas vias de tráfego, onde cada motorista buscando livremente o espaço disponível para se locomover, propiciaria um melhor aproveitamento das vias de tráfego, sem deixar espaços ociosos e sem prejuízos nem de ônibus, nem de carros de passeio.