quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Ressurreição de Cristo: Milagre ou Dogma?

Toda vez que uma teoria científica põe em risco a credibilidade de alguma doutrina religiosa, a polêmica se instala. 

E nessa disputa ancestral, a maior de todas as divergências costuma deixar os clérigos de cabelo em pé, pois questiona justamente o fato sobre o qual se apoia a base da fé cristã e o principal fundamento da sua essência doutrinária, que é a ressurreição de Cristo.

As primeiras controvérsias sobre esse tema aconteceram há mais de seiscentos anos e alimentaram muitas fogueiras da inquisição, mas tomaram força por volta de 1865, quando o escritor Samuel Butler, em seu livro sobre A Ressurreição de Cristo, demonstrou várias inconsistências indicando que Jesus não teria morrido na cruz e, portanto, que a ressurreição teria sido uma criação dos evangelistas. De lá pra cá muitas publicações se seguiram, reforçadas por constatações arqueológicas.
A princípio, parece uma tese provocativa mas, se observarmos os fatos, nos deparamos com questões intrigantes. São teorias de origens distintas, mas que coincidem em muitos pontos, sustentando evidências de que Jesus teria sido resgatado vivo da cruz por José de Arimateia e, após ser tratado dos ferimentos, teria viajado clandestinamente para uma região localizada na Caxemira, denominada Novo Tibet, no norte da Índia, onde viveu e pregou até os 80 anos de idade.

A Conexão Budista

Essa suposta fuga para o oriente se baseia em duas justificativas curiosas: primeiro, porque essa é a direção por onde Ele poderia sair do alcance das autoridades romanas mais rapidamente, bastando seguir a conhecida Rota da Seda, passando por Gaza, Iêmen, Pérsia e, finalmente, a Caxemira, na Índia. 
A outra razão tem a ver com a sua própria história, desde o seu nascimento. Segundo a tradição budista, quando o Dalai Lama morre, os magos consultam as estrelas e, seguindo as indicações destas, partem em busca do menino recém-nascido que seria a reencarnação do Buda. Quando esse menino atinge idade entre doze e quatorze anos, ele é levado para ser educado na fé budista.
Tais coincidências indicam que poderia ter sido essa a verdadeira história dos Três Reis Magos do oriente que, seguindo uma estrela, visitaram Jesus logo após o seu nascimento. Outra coincidência interessante indica que Jesus poderia ter sido levado para a Índia, ainda menino, conforme veremos a seguir.

Por onde andou Jesus dos 13 aos 30

O escritor Russo Nicolai Notovitch, em seu livro “A vida desconhecida de Jesus Cristo”, do século XIX, traduz manuscritos indianos, segundo os quais uma criança chamada “Issa”, nascida de uma família pobre de Israel no século primeiro, ali chegou com 14 anos de idade, estudou as leis do Budismo, se tornou mestre e voltou para Israel com 29 anos de idade. Esse foi justamente o período do qual não há nenhum registro da presença de Jesus na região da Galileia. Observe também que “Issa" no idioma local significa “Salvador” ou “Aquele que cura”, o mesmo significado da palavra “Jesus” em hebraico.
Além disso, há um estranho paralelismo entre os ensinamentos e milagres de Jesus e a doutrina budista. Por exemplo, Jesus pregava o amor aos inimigos, o desapego aos bens materiais e afirmava que o reino do céu é reservado aos mansos de coração. Ora, isso tem tudo a ver com a tradição budista e nenhuma relação com os costumes tradicionais dos judeus da Galileia. Da mesma forma, segundo a tradição, Buda caminhou sobre as águas, ressuscitou um morto e milagrosamente alimentou cinco mil seguidores repartindo poucos peixes e migalhas de pão, feitos estes repetidos por Jesus.
O profeta Issa é um ícone religioso amplamente reverenciado na cultura popular de toda a região da Caxemira e no norte da Índia, onde há farto material e escrituras referentes à sua história e tradições, revelando várias outras coincidências. Nos idiomas e dialetos regionais, como Caxemir, Árabe e Urdu esse mesmo profeta é conhecido como Yusuf, Issa, Yuz Asaf, Yuz-Asaph, Issana e Isa. Curiosamente, todos esses nomes se traduzem como "Salvador", cuja palavra correspondente em Hebraico é “Jesus”.
Segundo a tradição local, durante uma grande pregação por volta do ano 50 d.C., o Profeta Issa (ou Yuz Asaf) teria afirmado ser Jesus Cristo da Galileia. Em razão disso, as suas escrituras sagradas narram que esse profeta veio de Israel, após ter sido martirizado por pregar a palavra de Deus e por curar doentes. Tendo morrido aos 80 anos de idade Yuz Asaf foi enterrado na Caxemira e na lápide de seu túmulo contém duas marcas de pés, nas quais aparecem as cicatrizes da crucificação.


Crucificação e Ressurreição

A crucificação, que muitos acreditam ter sido uma ação isolada para martirizar Jesus, na verdade era prática comum adotada pelo exército romano, desde pelo menos cem anos atrás, como forma de humilhar publicamente escravos rebeldes e criminosos não romanos. Naquele mesmo ano, além de Cristo, cerca mil condenados teriam sido executados. Porém, o propósito dessa sentença não era a morte rápida, que seria muito menos trabalhoso com um simples golpe de espada. Pelo contrário, uma pessoa crucificada deveria permanecer agonizando o máximo de tempo possível em um lugar bem visível, como se fosse um outdoor aterrorizando as pessoas ante o poder opressor de Roma. Assim, essas vítimas costumavam agonizar por três, quatro ou cinco dias, até sucumbirem e depois de morto, geralmente não eram sepultados, permanecendo expostos ali por vários dias.
Com base nesses dados, em registros da história romana e costumes judeus da época, relacionam-se, pelo menos, dez controvérsias e evidências indicando que Jesus Cristo pode não ter morrido na cruz. Veja:
1)   Se o propósito da crucificação era deixar o condenado agonizando por vários dias, até a morte, por que Jesus foi retirado seis horas depois?
2)   Eram três condenados sendo executados naquele mesmo dia. Dois deles, os "ladrões", tiveram as respectivas mortes aceleradas pelos soldados romanos - isso era feito quebrando-lhes as pernas para que o peso do corpo, pendurado apenas pelos braços impedisse a respiração, causando a morte por asfixia. Porém, Jesus não só foi poupado disso, como foi retirado da cruz precocemente. Por quê?
3)  Pouco antes de o retirarem da cruz, colocaram em sua boca uma esponja embebida em um líquido. O simples fato de ele ter sugado, comprova que estava vivo e consciente. Com isso, estudiosos especulam que esse líquido poderia ser alguma droga capaz de provocar um estado de estupor ou uma espécie de coma reversível, a fim de poderem retirá-lo inerte da cruz, sem levantar suspeitas.
4)   Antes de deixar o local, um soldado romano golpeou Jesus com uma lança na altura das costelas e, segundo os evangelhos, "jorrou" sangue. É mais uma prova de que Ele estava vivo, pois, após a morte, nenhuma perfuração no corpo provoca evasão de sangue. No máximo, alguma gota poderia escorrer muito lentamente. Não jorrar!
5) Os Judeus mortos naquela época, ao serem sepultados, tinham as covas preenchidas com terra. No entanto, Jesus foi levado para uma catacumba, apenas fechada precariamente com uma pedra, que teria sido retirada por mulheres que pretendiam ungir o corpo. Aqui há outra contradição, pois não existia entre Judeus este costume de ungir corpos dos mortos sepultados. Isso apenas suscita especulações de que essas mulheres, na verdade, levavam produtos destinados ao tratamento de feridas.
6)  José de Arimateia era membro do Sinédrio e alto comissário da magistratura judaica junto ao governo romano - uma espécie de desembargador de tribunais superiores, mas era também discípulo e amigo pessoal de Cristo, embora discretamente. Após "sepultamento", ele esteve no túmulo acompanhado por Nicodemos, levando ungüento, especiarias e Alloes, que eram produtos usadas no tratamento de ferimentos. Ressalte-se que Nicodemos era um conhecido Rabi Mestre, um estudioso das ciências, equiparado aos médicos atuais. Além disso, ambos se encontram com Jesus secretamente em noite anterior à sua prisão, o que provoca suspeitas de que estariam arquitetando algum plano para o caso de Jesus vir a ser condenado. Estes fatos indicam que pode ter havido  uma espécie de trama conspiratória entre pessoas poderosas para livrar Jesus da condenação e execução na cruz. Essa tese encontra reforço nas tentativas de Poncio Pilatos de absolvê-lo durante o julgamento, primeiro insistindo para que ele se retratasse em troca da liberdade e, depois, submetendo a decisão ao próprio povo de Jesus, na esperança de que o livrassem.   
7)   A primeira pessoa a vê-lo ressuscitado teria sido Maria Madalena, que, diante do túmulo vazio "virou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas ela não sabia que era Jesus" (João 20.14) ou, de acordo com outras traduções, "ela não o reconheceu". Ora, se ela não sabia quem era a pessoa avistada, por que os evangelistas deduziram que se tratava de Jesus? E por que justamente uma mulher teria sido a portadora de tão importante notícia, sendo que o testemunho feminino naquela época não tinha nenhum valor legal ou moral? Essa é uma de tantas passagens que não faz nenhum sentido. Apenas confunde. 
8)   No dia seguinte à "ressurreição", Jesus caminhou por vários quilômetros, rumo à cidade de Emau, porém, estranhamente, os seus discípulos não o reconheceram. Isso só se explicaria caso Ele estivesses com uma aparência muito alterada, talvez pelo grave estado de convalescença! E o fato de Tomé ter-lhe tocado as feridas comprova isso. Ademais, se Ele havia triunfado sobre a própria morte, por que ainda se humilhava com simples feridas? Por que andava rumo ao interior, dissimulado e moribundo, a ponto de não ser reconhecido pelos próprios amigos? A lógica seria conforme retratam as artes e o imaginário, com um Jesus glorioso, subindo aos céus ou, pelo menos, revelando atributos próprios da dimensão do divino, mas os fatos históricos não mostram isso.
9)     Após a ressurreição, segundo os evangelhos e segundo as cartas de Paulo, Jesus transitou pela região de Jerusalém e pelo norte da Galileia durante 40 dias. Contudo, em nenhuma das ocasiões em que foi visto, ele se comportou como uma entidade superior, dotada de atributos sobrenaturais próprios de alguém que tivesse ressuscitado dos mortos e passado a pertencer ao reino divino! Não realizou milagres e não pregou qualquer ensinamento. Pelo contrário, Ele se deixou ver apenas por poucas pessoas de sua extrema confiança e, ainda assim, em circunstâncias furtivas e reservadas, ensejando suposições de que, na verdade, Ele estaria evitando as autoridades romanas, enquanto se recuperava para seguir para outras terras (Vide Dezoito aparições). Além disso, inusitadamente em todas as narrativas dos supostos encontros após a ressurreição, as pessoas não o reconheciam.
10)  E, o mais intrigante, é o fato de que as versões dos Evangelhos originais, existentes até o ano 380 d.C não mencionavam a ressurreição e a ascensão de Cristo. Esses fatos teriam sido incluídos nos Evangelhos na reforma do Concílio de Nicéia, promovida pelo imperador romano Constantino, como forma de igualar a figura de Jesus Cristo ao deus Hórus, de quem Constantino era devoto antes de se converter.
Nota: As fontes consultadas se tratarem de narrativas e investigações de cunho teológico-científico e não tem o propósito de transmitir opiniões do autor.
* Marcio Almeida é Engenheiro Mecânico e Engenheiro Industrial, Administrador de Empresas, Mestre em Gestão Governamental e Ciência Política, Especialista em Direito Administrativo Disciplinar, pesquisador autodidata em Sociologia, História Política e Social e Nutrologia, Meio-Maratonista, ex Diretor de Auditoria Legislativa e ex Presidente de Processos Disciplinares na Administração Federal Brasileira, MM
Fontes de pesquisa: