terça-feira, 22 de março de 2011

Lendas e Pulhas Virtuais (hoax): Três Músicas e Suas Histórias.

1) Sobre a música "Gostava tanto de você", de Edson Trindade: 
Esta música foi escrita realmente por Edson Trindade, só que no final dos anos 50 e início dos anos 60, quando ele tocava numa banda chamada The Snakes, da qual faziam parte também Erasmo Carlos (então conhecido como Erasmo Esteves), Tim Maia, Arlênio e José Roberto (o China). Todos nessa época tinham entre 16 e 19 anos, solteiros e nenhum tinha filho. Numa dessas fossas de adolescente, o Edson Trindade decidiu sair da banda, ameaçando até se suicidar por causa do fim do namoro com uma moça chamada Meire. Por causa desse fato, até hoje quando eles se encontram pra falar daqueles velhos tempos, referem-se à essa Meire como "a Yoko Ono dos Snakes".
Porém, alguns semanas depois ele reapareceu pra ensaiar, trazendo no bolso a música recém escrita, todo eufórico, explicando que tinha feito a música quando a Meire terminou o namoro com ele, mas que agora tinham voltado e, por isso, queria ensaiar a música com a banda. Tim Maia ensaiou e gostou da música, que foi sucesso seu por vários anos.
Portanto, o boato segundo o qual esta música teria sido escrita por causa de uma filha falecida em acidente, não é verdade.



A propósito e por curiosidade, estes fatos fazem parte do livro "Minha Fama de Mau" de Erasmo Carlos, que traz ainda muitos outros detalhes biográficos interessantes.
Lá pelos idos de 1956/57, antes da banda Snakes este mesmo grupo formava  a banda Sputinik, composta mais ou menos pelos mesmo membros, incluindo Roberto Carlos e Wilson Simonal, mas não chegaram a fazer sucesso. Nessa fase, o Erasmo, por exemplo, sequer sabia tocar violão ainda.
Depois criaram os Snakes e o sucesso deslanchou logo em seguida, graças ao apoio de Carlos Imperial e ao talento do Roberto Carlos, que tocava violão e cantava tudo quanto era estilo de música. Porém, no início dos anos 60 os Snakes foram contratados pra acompanhar o famoso  Cauby Peixoto. Com isso, Roberto Carlos formou outra banda, levando Tim Maia, com a qual começou a abrir espaço pra se apresentar em emissoras de rádio e boates chiques do Rio de Janeiro, tornando-se conhecido no meio artístico.

Em 1965 Roberto Carlos participou de um programa na TV Record, de São Paulo, que agradou bastante aos produtores e executivos da emissora. Por um golpe do destino, o que seria apenas uma apresentação isolada acabou se transformando num dos maiores fenômenos da música brasileira! Naquela mesma ocasião a TV Record perdera a concessão para transmitir jogos do campeonato brasileiro e, como forma de preencher o tempo ocioso, convidaram Roberto Carlos para ser apresentador de um novo programa que deveria ir ao ar nas tardes de domingo, chamado Jovem Guarda. No dia 22 de agosto  de 1965, juntamente com alguns de seus antigos amigos do Rio de Janeiro, Roberto Carlos inaugurou o primeiro programa de uma série que mudou para sempre a cultura e a música brasileira.



2) Sobre a música "Flor de Liz" de Djavan: 
Esta música não teve como motivação a suposta morte de uma filha do autor, conforme se propaga por meio dos boatos virtuais. O próprio cantor já desmentiu este fato em seu site (http://www.djavan.com.br). Na verdade a letra sequer insinua algo nessa linha. Fala tão somente do fim de um relacionamento amoroso um tanto quanto errático, além de aludir uma suposta infertilidade da amada (vejam abaixo).
Djavan Caetano Viana teve três filhos do seu primeiro casamento, os cantores Flavia Virgínia, 38, e Max Viana, 37, além do músico João Viana, 34. Do segundo casamento com Rafaella Brunini, proprietária da chocolateria Envidia (www.envidia.com.br), teve Sofia, 8, e Inácio, 4 anos. 


FLOR DE LIS:
"Valei-me Deus! É o fim do nosso amor. Perdoa por favor

Eu sei que o erro aconteceu, mas não sei o que fez tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei...
Será, talvez que minha ilusão foi dar meu coração
com toda força pra essa moça me fazer feliz
E o destino não quis me ver como raiz de uma flor de lis.
E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira...
Morto na beleza fria de Maria!
E o meu jardim da vida ressecou, morreu.
Do pé que brotou Maria, nem margarida nasceu."


3)  Sobre a música "O Mundo é um Moinho", de Cartola:

A mesma foi escrita por Cartola quando sua afilhada (criada como filha adotiva), Creuza Franscisca dos Santos, conhecida como Creuza Cartola, tinha entre 15 e 16 anos. Ao contrário do que dizem as pulhas divulgadas pela Internet, não há qualquer fundamento em relação ao suposto envovimento de Creuza Cartola com prostituição. A letra da música apenas manifesta preocupações comuns a qualquer pai que tem uma filha entrando na adolescência. Estas preocupações são agravadas pelo fato de que Creuza pretendia seguir carreira artística e isto, em plena década de 1930, era suficiente para que qualquer adolescente fosse alvo de preconceito; era quase quase que uma excomunhão social sumária!

Clique e Leia Mais Sobre o Assunto:

1) Matéria Geral sobre Hoax (de Márcio Almeida)
2) Blog da Jornalista Valéria Amoris
3) Alertas e Orientação do Site Quatro Cantos.



terça-feira, 1 de março de 2011

Presidenta ou Presidente?

Embora não forneçam muitos detalhes sobre a semântica da palavra, a maioria dos dicionários brasileiros admitem a forma "presidenta", assim como admitem tantas outras palavras cuja cacofonia as fez cair em desuso (p. ex. pinicão, tropicão, sobaco, etc...).

Porém, vale registrar que em Portugal a forma "presidenta" é usada como meio de atribuir caráter pejorativo à pessoa destinatária do tratamento. É comumente usado, por exemplo, para qualificar a mulher que quer ostentar o título sem o merecer ou sem dispor das prerrogativas; também pode ser usado para a esposa do presidente, porém sempre preservando o cunho pejorativo.Abaixo, alguns argumentos interessantes em relação à polêmica do uso do tratamento "presidenta", conforme insiste a Exma. Senhora Presidente da República:



SUA EXCELÊNCIA, A SENHORA "PRESIDENTA" DILMA

Fonte: Blog Dama do Lago.


Agora, o Diário Oficial da União adotou o vocábulo presidenta nos atos e despachos de Dilma Rousseff.


As feministas do governo gostam de presidenta e as conservadoras (maioria) preferem presidente, já adotado por jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão.


Na verdade, a ordem partiu diretamente de Dilma: ela quer ser chamada de Presidenta. E ponto final.


Por oportuno, vou dar conhecimento a vocês de um texto sobre este assunto e que foi enviado pelo leitor Hélio Fontes, de Santa Catarina, intitulado Olha "a" “Vernácula” !

Vejam:


No português existem os particípios ativos como derivativos verbais.


Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante…


Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.


Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não “presidenta”, independentemente do sexo que tenha.


Se diz capela-ardente, e não capela “ardenta”; se diz estudante, e não “estudanta”; se diz adolescente, e não “adolescenta”; se diz paciente, e não “pacienta”. Um bom exemplo seria:

“A presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta pensando ser eleganta por ser agora a representanta. Esperamos vê-la sorridenta, numa capela - ardenta, pois esta dirigenta, em atitude barbarizanta, não tem o direito de violentar o português, só para ficar contenta.”
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Luiz Sérgio Samico Maciel


Diretor de Ensino - Campus Belém – IFPA